Carlos Moedas, ex-comissário europeu, defende que Portugal deve apostar na “inovação disruptiva”, a que “cria uma nova necessidade que não existia antes” e que, por isso, tem potencial de gerar emprego, crescimento e bem-estar.

“Os políticos não podem criar emprego, o que cria é esta inovação disruptiva, temos de pensar quais as medidas de políticas públicas que podemos ter para a favorecer”, defendeu, apontando que no centro tem de estar “a pessoa humana, uma característica que diz muito ao PSD”.

Num debate realizado em formato misto (presencial e online), esta segunda-feira, pelo Instituto Sá Carneiro, associação de reflexão e formação política ligada ao PSD, Carlos Moedas foi o orador convidado e numa intervenção pré-gravada assumiu que a inovação – área que coordenou na Comissão Europeia – é a sua “paixão”. “O que é importante não é a inovação, mas o inovador. As políticas públicas que hoje mais do que nunca precisamos é ter uma reforma profunda do sistema educacional (…), é ter uma reforma profunda da nossa segurança social, que permita ajudar os que mais precisam e garantir as futuras reformas e pensões”, afirmou.

Carlos Moedas, que integra o Conselho Consultivo do Conselho Estratégico Nacional do PSD, procurou explicar porque defende uma “reforma profunda” quer no sistema educativo, de forma a orientá-lo para a inovação, quer na segurança social.

O antigo secretário de Estado considera que a educação e a saúde sofreram grandes transformações em poucos meses por causa da pandemia. “Vimos uma transformação completa da educação que nunca tínhamos visto nos últimos 50 anos. A educação passou a estar entre o mundo físico e digital e algumas universidades já disseram que as grandes palestras não voltarão a ser presenciais”, salientou, sublinhando que tal terá também consequências no papel do professor, que será sobretudo “de tutor, de ajudar a resolver problemas”.

Para Carlos Moedas, será necessário fazer uma aposta nas qualificações que cruzem “o mundo físico e o mundo digital”. “Os que conseguirem navegar melhor nestas duas realidades serão os melhores profissionais”, defendeu.

No debate que se seguiu, com vários convidados do mundo empresarial, participou também a eurodeputada do PSD Lídia Pereira que, a uma pergunta colocada via redes sociais sobre a relação entre a carga fiscal e a inovação, defendeu que ao país tem de primeiro “definir com clareza os objetivos” que quer para a sua economia. “Portugal tem de definir, de uma vez por todas, qual o rumo que quer empreender. A dependência do turismo durante esta pandemia tem-se tornado nefasta e só a economia do conhecimento pode dar uma alavanca para prosperarmos”, apontou.

Logo a seguir iniciou-se um período de debate, moderado por Joaquim Biancard Cruz, administrador do Instituto Francisco Sá Carneiro, Ricardo Acto, vice-Presidente de operações do Rock in Rio, Miguel Pina Martins, fundador e CEO da Science4You, e João Trigo da Rosa, presidente da Associação Portuguesa de Business Angels.

Este foi o primeiro debate de uma iniciativa intitulada “Sá Carneiro Talks”, integrada no programa do Instituto Sá Carneiro, que assinala o 40.º aniversário da morte do fundador do PSD. A segunda edição está já marcada para 12 de outubro, tendo como convidado o antigo Primeiro-Ministro Durão Barroso, que desempenhou funções de presidente da Comissão Europeia entre 2004 e 2014.

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